terça-feira, 15 de janeiro de 2013

A neve & o mutismo

Hoje em Bruxelas neva "a potes"! 
O cenário é lindíssimo, quer dentro de casa (sentada no sofá olhando o jardim, com uma mantinha sobre as pernas, segurando uma caneca de Chaï quentinho entre as mãos), quer lá fora (munida de um par de botas impermeáveis revestidas com pêlo fofinho e umas luvas bem quentinhas, disfrutando da sensação de leveza dos flocos de neve que pousam nos cabelos mais rebeldes). 

Gosto do silêncio e tranquilidade que a neve trás. Os transeuntes que sobrevivem às intempéries andam pelas ruas muito muito devagarinho, à semelhança de quem sai do quarto de um bebé que acabou de adormecer. Pousam meticulosamente os pés na neve sobre o passeio, tentando não pôr a pata na poça e deslizar como se de uma pista de patinagem artística se tratasse. Os carros e bicicletas que se aventuram nas pistas de ski outrora chamadas estradas, não aparentam ser reais, apenas hologramas descrevendo repetições em slow-motion dos trajectos que normalmente descreveriam.  Claro: têm medo de estragar a beleza deste tapete branco com o peso dos pneus, e acreditam que andando devagar o estrago não será tão grande. 

Por "falar" em neve, aconselho a leitura de um livro que me foi oferecido no Natal e cujo conteúdo devorei em 15 dias. 


Dezembro, de Elizabeth Hartley Winthrop, retrata o quotidiano de uma família cuja filha, de onze anos, não diz uma palavra há quase um ano. Os seus pais sentem-se aterrorizados com o isolamento decorrente do mutismo da filha e inseguros perante o seu próprio papel como pais. Ao longo do livro, assistimos à instalação gradual de um cenário de incerteza e sentimento de impotência em todos os membros da família. Testemunhamos as inúmeras tentativas dos pais para contrariar o silêncio da filha - desde sessões de Arte-Terapia, passando pela ideia de uma viagem a África. Uma leitura deliciosa e aliciante que promove uma melhor compreensão do mutismo.
  

Até breve! *

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